A Austrália invade a China: Penfold's chegando!


Fim de semana, dia de sair com a patroa e a sogra. E sair com elas invariavelmente é visitar os mais genuínos e populosos mercados que existem. Roupas, bugigangas, temperos, nada é desinteressante demais pra elas. Tirando, é claro, os eletrônicos.
Íamos a Wangfujing, lugar marcado pelas recentes ameaças de manifestações contra o governo, no embalo da Revolução do Jasmim. Essas manifestações, que nem chegaram a ocorrer, aguçaram os taninos entre China e EUA, quando o embaixador gringo foi fotografado no meio de um grupo que fazia barulho nessa mesma área. Daí pra frente, bastou a polícia chinesa ameaçar descer as notas de carvalho pras manifestações terem um final curto.

Qual não foi minha surpresa ao ver, saindo do metrô pelo Oriental Plaza - um grande shopping da região - um stand da australiana Penfold's! Imediatamente, liberei as duas de ter que aguentar minha expressão de euforia ao comparar preços de molhos e admirar vitrines de sapatos femininos e já assumi um posto de trabalho.
O stand não era uma loja, era só um merchandzinho de 4 dias. Mas estava tão bem montada, tão caprichadinha, que bem poderia ser um lugar onde se degusta e leva o vinho na hora. Pra conhecer, nada melhor. A Penfold's é um enorme produtor da Austrália. Chegar na China é prova disso. E um dos mais antigos. Como não tem porta de adega em Hunter, fiquei devendo essa.

Então, era hora de matar as saudades: só sentar e beber. O material de divulgação estava apenas em mandarim. Logo na segunda prova, emendei uma conversa animada com o meu vizinho. Um chinês que só não era mais típico por estar bebendo vinho. Ele me explicou muito sobre os hábitos de vinho na China. Infelizmente, ao falarmos sobre a produção local, ele acabou elogiando o Great Wall 3 estrelas. Sequei a boca, levantei-me e disse que esqueci algo no forno.
Dias depois, num restaurante local de periferia, deparei-me com uma estante com uns poucos vinhos. Ao lado dum australiano irrelevante, um chinês no mínimo curioso: o "Fazenda Nobility"!
Escrito assim mesmo, mistura de português com inglês. Detalhe que o rótulo da safra 2006 mostra: "The wine was made of best graoes in Yantai and with internal advanced". Na safra de 2007, a correção: "...internal advanced technics". Quem se arrisca?
No mais, uma coisa é certa: o vinho aqui está avançando. E com força e velocidade muito maiores que em Pindorama - o que, como sabemos, não é nenhuma surpresa.
Ano passado a China exportou café moído e torrado pro Brasil. Isso mesmo. Foi bem pouco, mas aparentemente, torrar e moer um grão depende de uma tecnologia avançadíssima que o Brasil não possui. Vendemos o grão a preço de nada e importamos o produto beneficiado. Compramos café da Suíça, Líbano e China. Tem algum sentido? Só se a desindustrialização der lucro a alguém...

 
Enquanto isso, ficamos cada vez mais longe de Chandon e mais perto de Shandong.

General

4 comentários:

Leigo Vinho disse...

Meu caro General Mao Tsé,
após este post vejo que vc reclama de barriga cheia.
Penfolds na porta de casa é pra poucos.
Beleza de post,
Abs

BK72 disse...

agora vc veja bem...
um stand de vinícola, com vinhos digratis!

Alguma vez já apareceu um stand desse tipo aí em Minas, Leigo?

Aqui no Rio eu nunca vi.

Leigo Vinho disse...

Amigo,
como dizem por aqui, é mais facil chover vaca.
Este tipo de coisa é um negócio da China.

General disse...

Vou tentar fotografar uma "desgostação" que flagrei num supermercado local. Me arrependi de não ter tirado a foto na hora!

Não é porque é de grátis que é bom... (nesse caso do post, foi! hehe!)